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Conversamos com o blog "Papo de Berçário"

O blog Papo de Berçário é bem legal, com a idéia de facilitar o dia-a-dia de mães e pais de bebês que vivem no conhecido mix alegria + loucura causado com a chegada de um filho. Eles têm reportagens sobre yoga para gestantes, shantala, enfim, vários assuntos legais para quem está esperando ou já tem um bebezinho. E pediram que a gente respondesse algumas perguntas sobre como é viajar pelo mundo com o Felipe.

Segue a matéria que eles publicaram lá no Papo de Berçário:


Porque é, sim, possível viajar pelo mundo com as crianças

Conheça esse trio aventureiro!

Felipe – o pequeno viajante
29/09/2011
Postado por Leticia Fagundes
*por Viviane Macedo, repórter Netfraldas e Papo de Berçário.

Muitas vezes, ao planejarem um filho, os pais logo pensam na infinidade de coisas que precisarão abrir mão em nome da criança. A rotina muda com a chegada de um bebê, é verdade.

Mas conhecemos uma história tão, tão legal, que mostra que tudo não passa de escolha e coragem. Palavrinhas mágicas no caso de Claudia e Marlon Pegoraro – os pais do Felipe – o pequeno viajante.

Os dois, ela promotora de justiça, ele policial rodoviário federal, moram em Jaguarão, RS. O casal sempre foi mochileiro de carteirinha, apaixonados por viajar pelo mundo. Casados há seis anos, decidiram que era a hora da chegada do filhote. Mas como seria isso? Teriam de parar de viajar? Eles até pensaram que sim. “Antes da gravidez fizemos uma grande viagem de ‘despedida’ pela Europa. Acreditávamos, realmente, que o Felipe viria para acabar com as viagens! Não foi o que aconteceu”, diz Claudia.

Eles não apenas continuaram viajando, como incluíram o Felipe nessa, desde quando estava na barriga. Já na gravidez, o pequeno passou pelo Uruguai, Serra Gaúcha e foi até a Buenos Aires assistir a um show da Madonna!

O Lipe nasceu e, depois da primeira viagem longa com ele, Claudia teve certeza: eles iam levar em frente o estilo, mas agora com um novo integrante. Hoje, com 2 anos e 3 meses, o Felipe já esteve em 21 países. A mamãe super coruja conta tudo no blog do pequeno viajante.

Ela conversou com a gente diretamente da Tailândia e mostrou que é possível, sim, mesmo com crianças, fazer passeios diferentes, inusitados e riquíssimos. “Dá para viajar com os pequenos para lugares diferentes da Disney”, diz.

Leia a íntegra da entrevista com essa mamãe viajante:

Como foi a primeira viagem com o Felipe?

Claudia Ferraz Rodrigues Pegoraro: A primeira viagem dele foi do hospital para a nossa casa, já que moramos em Jaguarão e ele nasceu em Pelotas! Com menos de uma semana de vida já cruzamos a fronteira do Uruguai com ele, para uma visita aos free shops de Rio Branco. Umas duas semanas depois ele foi conhecer Montevidéu e Punta del’Este. Antes de terminar a licença maternidade, ainda aproveitamos as “férias” e fizemos outra viagem de carro pelo Paraguai e Argentina, para levar o pequeno viajante para conhecer São Miguel das Missões e as Cataratas de Iguaçú. Mas a primeira viagem longa mesmo, e de avião, foi com pouco menos de 3 meses, aos Estados Unidos e Canadá. Foi tudo muito fácil, especialmente porque os avós do Felipe foram junto conosco. A viagem foi ótima, bem tranqüila. O que mais nos preocupava era não estressá-lo, passando os dias inteiros na rua, passeando, com a barulheira do metrô de Nova York – mas ele adorou as luzes da Times Square e da Broadway! A festinha de 2 anos dele foi em um quarto de hotel em Ulan Ude, no meio da Rússia, quando estávamos viajando pela ferrovia transiberiana.

Depois dessa primeira viagem tiveram a certeza que viajar com o Lipe era totalmente viável?

Claudia Pegoraro: Sim, depois desta viagem ainda fizemos várias outras por perto e longe de casa, fomos à Colômbia, onde ele deu os primeiros passinhos, com 11 meses, e viajamos por todo o país, de barco, avião, ônibus, busetas, e até de carrinho de golfe – ele adorou a praia em San Andrés! Com 1 ano e 6 meses, fomos a Fernando de Noronha, e a avó do Felipe também nos acompanhou nesta viagem, o que facilitou bastante os nossos programas de mergulho – mas ele também participou de todo o resto, desde a aventura para chegar à Praia do Sancho até o passeio de barco com golfinhos (este filme ele adora ver até hoje, e grita “olha os golfinhos rotadores!!!”). Mas ainda tínhamos medo de ir para lugares longínquos e “exóticos” com ele, como a Indonésia e a Índia.

“A festinha de 2 anos dele foi em um quarto de hotel em Ulan Ude, no meio da Rússia, quando estávamos viajando pela ferrovia transiberiana.”

Quando esse medo passou?

Claudia Pegoraro: Quando surgiu a oportunidade de fazermos esta “volta ao mundo” de 5 meses, nos atiramos de cabeça, sem ficar pensando muito: se tivéssemos qualquer problema maior ou percebêssemos que ele não estava desfrutando do passeio, voltaríamos… o que não aconteceu nunca!


Quais os destinos mais inusitados que vocês três já foram?

Claudia Pegoraro: Com certeza a que mais tínhamos medo era a Índia, porque é um lugar difícil mesmo sem bebê (muito marmanjo pede para sair), com bebê então é um desafio total, pela sujeira, ratos, pela falta de opções de comida sem pimenta, pela dificuldade maior de encontrar produtos como fraldas, leite, por causa do calor de 44 graus também… Outras viagens inusitadas foram na Mongólia, quando nos hospedamos em um ger, a subida ao vulcão Bromo, na Indonésia, que também não foi fácil. Ele gostou de andar de elefante no Laos, e a viagem pela ferrovia transiberiana também foi legal para toda a família – o Felipe adora trens!

Ele faz comentários? Tem alguma situação engraçada na viagem que estão fazendo?

Claudia Pegoraro: Há alguns dias, quando estávamos nos despedindo da praia de Ko Samui, na Tailândia, vendo um pôr do sol maravilhoso, o Lipe nos olha e diz: “tem fogo no céu!”. Era o sol se pondo, e parecia mesmo uma bola de fogo no céu! Hoje o levamos para cortar o cabelo num salão de beleza, aqui em Bangkok, e as tailandesas fizeram um corte de argentino no meu gordo, com mullets e tudo, e agora ele está aqui parecendo o Chitãozinho e o Xororó!

Quantos países o Lipe já conhece?

Claudia Pegoraro: Ele conhece 21 países, a maioria na Ásia. Os últimos dois dessa viagem são Holanda e Portugal. Quando chegarmos em casa, no final do mês,o Lipe estará com 27 meses e 23 países na mochilinha! Estivemos fazendo as contas, e percebemos que o Felipe já voou de avião quase 40 vezes – quando terminarmos esta viagem, ele terá completado 45 viagens de avião, em trechos tão longos como Nova Délhi – Bangkok ou Mumbai – Londres.

“Ele não tem nenhuma frescura, as crianças aprendem o que elas vivem e o Felipe não conhece nada diferente disso, então ele gosta.”

Quais os cuidados diferentes em uma viagem feita com uma criança?

Claudia Pegoraro: Nós sempre fizemos viagens baratas, de mochila nas costas e sem nada reservado antecipadamente, o nosso esquema não mudou. Não sabemos viajar de outro jeito, não achamos a menor graça! A única mudança é que agora procuramos hotéis um pouco melhores, lugares bem limpos para ficar/comer, as passagens de trem agora são sempre com ar condicionado, esse mínimo de conforto que é para ele e pra nós também. O que é mais importante para nós é que ele coma bem, esteja em um hotel limpinho – o básico. Ele não tem nenhuma frescura, as crianças aprendem o que elas vivem e o Felipe não conhece nada diferente disso, então ele gosta. As pessoas têm medo de viajar porque pensam que não é possível viajar com pouco dinheiro, o que é uma grande bobagem. Nas viagens com bebês, os gastos não aumentam muito, especialmente quando eles ainda não completaram 2 anos, que daí as passagens aéreas são quase de graça!

Como fica a questão de vacinas, idas periódicas ao médico, enfim, essa parte de médico/saúde?

Claudia Pegoraro: A gente faz um check-up geral de saúde antes de viajar para ver se ele está ótimo para pegar a estrada. E o principal cuidado é tomar todas as vacinas necessárias, tipo febre amarela, hepatite… E, claro, arrumar a mochila dele é o mais difícil. Levar poucas coisas e brinquedos pequenos, que caibam na mochila, é sempre complicado. Tem de ter cuidado para não esquecer nada que ele possa precisar e a gente tenha dificuldade de encontrar aqui fora, como um kit de remédios receitados pela pediatra dele (as listas/checklists estão no blog). Quanto à alimentação – só água mineral bem lacrada, frutas que possam ser descascadas, leite de caixinha, vegetais bem cozidos, esses cuidados básicos. A ida ao médico acontece duas vezes ao ano, então, fomos antes de viajar e vamos agora ao voltar. O principal é ter um excelente plano de saúde – nós fizemos um maravilhoso, que tem cobertura no mundo inteiro, por todo o período da viagem. Quando precisamos ele funcionou perfeitamente!

E os momentos de manha que toda criança tem?

Claudia Pegoraro: Não vá alguém pensar que o Lipe é um anjo, muito pelo contrário: o comportamento dele é péssimo. [risos] O Felipe é terrível, arteiro, não para um minuto, nos dá um cansaço sem fim. Mas esse péssimo comportamento dele é contornado pela saúde de ferro, pela adaptabilidade. Se eu tivesse um bebê que vivesse doente, cheio de alergias, daqueles que pega um vento e tá resfriado, nunca ia me animar a viajar com ele. Mas o Felipe é um “tourinho”, capaz de passar tardes inteiras tomando banho de chuva em Khao San Road, na Tailândia, sem problemas. Ele come qualquer comida, não tem frescuras e, diferentemente de nós, ainda não teve nenhuma diarréia!

“Eu acredito que é possível ir a qualquer lugar com um bebê.”

Qual é o recado que você deixa para as mães que morrem de medo de encarar uma viagem com seus bebês?

Claudia Pegoraro: A melhor dica que eu dou quando me perguntam é fazer o que a gente fez: ir criando coragem aos poucos, com viagens mais curtas, perto de casa. Uma coisa muito boa é viajar de trem, que tem bastante espaço para eles se movimentarem. Alugar carro também é ótimo, porque dá uma enorme liberdade de parar em qualquer lugar, a gente faz o nosso próprio horário, de acordo com as necessidades dele. Ao invés de ir para a Disney, por que não alugar um carro e viajar pela Califórnia? Ao invés de um resort no nordeste, porque não uma aventura em Noronha, para ver golfinhos bem de perto? Já fui nesses destinos também. Eu acredito que é possível ir a qualquer lugar com um bebê. Se sobrevivemos à Índia, Varanasi, com o Lipe, tudo é possível. É necessário ter muita energia e disposição, porque é muito trabalhoso. Somos nós dois para cuidar dele 24 horas por dia – na estrada não tem avó, dinda, babá – então não tem nenhuma folga. Se eu vou me depilar ou o pai dele vai cortar o cabelo, ele tem de ir junto! Mas nunca nos arrependemos de levar o Felipe numa viagem. Claro que é muito bom viajar de lua de mel, o problema é que a gente gosta de fazer viagens longas, e não conseguimos ficar mais do que 2 ou 3 dias longe do Felipe, então as alternativas são viajar com ele ou não viajar. E é aquilo que eu já disse, viajar com o Felipe é cansativo, trabalhoso, exaustivo às vezes, mas sempre acaba valendo a pena, ele é divertido, engraçado, nos dá alegria o tempo todo. E não dá para esquecer que é maravilhoso olhar o mundo através dos olhinhos do Lipe, e essa é a melhor herança que nós podemos deixar para ele!

E aí gostaram? Animaram-se a levar seu bebê para alguma aventura?



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Claudia Rodrigues Pegoraro

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